quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Textos para refletir sobre a vida

Estava estudando algumas coisas de sociologia e me deparei com alguns textos interessantes. Decidi postar por aqui, e por que não?


Quem Morre?

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca.
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se de sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

___________________________________________Pablo Neruda


Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ter vista que não seja as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, se esquece do sol, esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus, porque não pode perder o tempo de viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho quando já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem Ter vivido o dia(...).

(...) A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para
as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto (...)

(...) A gente se acostuma a coisa demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá. Se o cinema está cheio, a gente se senta na primeira e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés, e sua o resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado. A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas e sangramentos, pra esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma a ser acostumado.

_______________________________________Marina Colassanti


O collant virou body

O rouge virou blush.
O pó-de-arroz virou pó-compacto.
O brilho virou gloss.
O rímel virou máscara.
A lycra virou strech.
Anabela virou plataforma.

O corpete virou porta-seios. Que virou sutiã. Que virou lib. Que virou silicone.
A peruca virou aplique, interlace, meghair, alongamento. A escova virou chapinha. “Problemas de moça” viraram TPM. Confete virou MM. A crise de nervos virou mousse. Os halteres viraram bomba. A ergométrica virou spinning. A tanga virou fio dental. E o fio dental virou anti-séptico bucal. Ninguém mais vê...

Ping Pong virou babaloo. O a-la-carte virou self-service. A tristeza, depressão. O espaguete virou miojo pronto. A paquera virou pegação. A gafieiria virou dança de salão. O que era praça virou shopping. A areia virou ringue. A caneta virou teclado. O long Play virou CD. A fita de vídeo é DVD. O CD é MP3. É um filho onde éramos seis. O Album de fotos agora é mostrado por e-mail. O namoro agora é virtual. A
cantada virou torpedo. E do “não” não se tem medo. O break virou street. O samba, pagode. O carnaval de rua virou Sapucaí. O folclore brasileiro Halloween. O piano agora é teclado, também o forró de sanfona ficou eletrônico. Fortificante não é mais Biotônico. Bicilceta virou Bike. Polícia e ladrão virou couter stike. Folhetins são novela de tv. Fauna e flora a desaparecer. Lobato virou Paulo Coelho. Caetano virou um chato. Chico sumiu da fm e da tv. Baby se converteu RPM desapareceu. Elis ressucitou em Maria Rita. Gal virou fênix Raul e Renato, Cássia e Cazuza, Lennon e Elvis. Todos os anjos agora só tocam lira.... A AIDS virou gripe. A bala, antes encontrada, agora é perdida. A violência êta coisa maldita. A maconha é calmante. O professor é agora o facilitador. As ligações já não importam mais. A guerra superou a paz. E a sociedade ficou incapaz.... de tudo. Inclusive de notar essas diferenças.

________________________________________Autor desconhecido

Um comentário:

Neyva disse...

ameiiiiiiiiiiiiiiii